UNIVERSIDADE

UNIVERSIDADE PARA QUÊ E PARA QUEM?*

O Brasil e a Educação

A Educação agrega o legado do passado, as tarefas do presente e as perspectivas de futuro de um país. Por isso é um tema de preocupação central em qualquer lugar do mundo.

A política tradicional brasileira sempre encarou a Educação como um instrumento de controle de poder para poucos e não como mecanismo de transformação social. Também por isso, sempre foi alvo de políticas retrógradas, restritivas e elitistas.

Esse entendimento ajuda a pensar porque o Brasil - que tem um passado colonial, imperial e republicano tão marcado pelo autoritarismo, exploração e abandono de seu povo - tem tantas tarefas no presente para encontrar a igualdade, a democracia, o desenvolvimento.

Acredito e defendo que a Educação deve servir como instrumento de construção de um país justo e soberano.

Projeto Político de Universidade do Brasil

A universidade é fundamental para que essas transformações ocorram, por isso sempre foi negada à maioria da população e restrita a uma elite incapaz de pensar os problemas da realidade brasileira.

Nos últimos anos houve a expansão e democratização do ensino superior, mas muito aquém do que realmente era necessário. A expansão aconteceu sem qualidade e a democratização, pela metade.

Além disso, o interesse do capital cresceu e atualmente hegemoniza o Ensino Superior, submetendo os estudantes à reprodução da lógica do lucro e não da busca por emancipação.

Tudo isso enquadrado num projeto político de universidade que tentou conciliar os interesses do povo e da elite. Não acredito nesse tipo de arranjo e defendo um projeto global de universidade pautado nos interesses populares.

Os Interesses da Unicamp

A Unicamp é uma das principais universidades do país - e não é só pelos rankings em que se consagra nas primeiras posições, mas porque sua produção é estratégica para várias áreas da política, do desenvolvimento econômico e social. Mas a quem serve a produção da Unicamp?

Ao longo dos últimos anos a universidade tem reforçado a tendência nacional e internacional de ceder seus espaços para empresas privadas, sejam eles físicos (laboratórios privados) ou institucionais (financiamento de programas e projetos e interferência nos currículos).

Além disso o sucateamento e a "crise orçamentária", que tem servido como justificativa para a cobrança de mensalidades e, como objetivo principal, sua privatização, têm em comum o ataque ao interesse público que a universidade deve representar e ao direito da população ao Ensino Superior.

A Unicamp, portanto, serve a poucos. A tarefa histórica colocada a partir daí é reverter essa direção para o interesse de todos e a mudança de projeto político é central para que isso aconteça.

Projeto Político da Unicamp e Democracia Interna

A dificuldade de mudar essa situação reside no fato de que o espaço destinado para essas formulações é reflexo do que está vigente.

O projeto de universidade adotado pela Unicamp diz respeito também à sua democracia interna. Qualquer instância de decisão segue a proporção de 1/5 para estudantes, 1/5 para funcionários e 3/5 para professores. Em outas palavras, decisões importantes que afetam a qualidade do ensino, pesquisa, extensão e serviços em geral são tomadas pelos últimos; as demais categorias têm peso simbólico.

Tendo maior poder de decisão, maior é a responsabilidade dos professores pelos destinos que a instituição vem tomando ao longo do tempo e, notadamente, as prioridades assumidas não representam as demandas reais do conjunto da comunidade acadêmica.

A chamada "crise orçamentária", por exemplo, tem sido usada internamente há anos para negar a isonomia salarial aos funcionários, mas não para vetar a compra da Fazenda Argentina ou extinguir os supersalários. Esses e outros casos comprometem a saúde da universidade e são a expressão de um poder concentrado.

Por isso a paridade em todas as instâncias deliberativas da universidade é fundamental para que outra direção seja tomada. A democracia interna deve ser revisada de forma a distribuir o poder decisório entre estudantes, funcionários, professores e comunidade externa, discutindo e decidindo sobre os problemas e rumos da universidade em pé de igualdade.

Projeto Político da Unicamp e Modelo de Acesso

A composição social da Unicamp em seu corpo discente, funcional e docente reflete seu gritante projeto elitista.

No que diz respeito ao ingresso na graduação, o vestibular ainda é adotado como modelo, na contramão de universidades públicas do país todo que têm adotado o ENEM como processo de seleção mais barato, abrangente e democrático.

A meritocracia continua sendo usada para justificar o método e a aversão às cotas de escola pública e raciais, mas esconde o real interesse pela exclusão de negros, indígenas e egressos do ensino público. Também é necessário pontuar que atualmente a prova "nacional" não acontece em todas as regiões do país.

Além de pública, gratuita e de qualidade, a Unicamp deve ter a cara de seu povo e isso passa necessariamente por um processo de democratização do acesso. O ENEM aliado a uma política de cotas raciais proporcionais à população do estado deve ser adotado como modo de ingresso na graduação.

Projeto Político da Unicamp e Orçamento

EM CONSTRUÇÃO.

Projeto Político da Unicamp e Autonomia Universitária

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Projeto Político da Unicamp e Trabalho na Universidade

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Os Estudantes Pobres da Universidade - Projeto Político da Unicamp e Política de Permanência Estudantil 

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Projeto Político da Unicamp e Vivência Universitária

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Para onde caminham as Universidades Brasileiras

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Para onde devem caminhar as Universidades Brasileiras

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* Esta texto é adaptado de outros escritos por mim para a carta-programa da chapa "Tô Vendo Uma Esperança" nas eleições para DCE da Unicamp 2016.