domingo, 3 de setembro de 2017

DENSIDADE

A universidade come as nossas palavras aos poucos. Quando você vê, já perdeu a espontaneidade do texto e a cabeça fica com mais inseguranças que ideias.

Assim é pra muita gente aqui e também pra mim. Minha facilidade em me comunicar não significa que eu não tenha problemas com isso de vez em quando.

Eu tenho perfil acadêmico há bastante tempo, mas nunca consegui escrever do jeito que eu queria porque desde que entrei na Unicamp estive militando no movimento estudantil. Esse é o primeiro ano que eu não faço movimento político, ou seja, estive exclusivamente estudando.

Agora percebo o quanto o movimento político me tirava tempo de prática para essa escrita e me deixava com muita ansiedade, que me travava em momentos cruciais.

Não achei que a diferença fosse tão assombrosa. Eu consegui entregar um projeto de iniciação científica que me deixou satisfeito e isso me ajudou a ter uma experiência mínima para escrever o projeto do mestrado, que me deixou maravilhado.

Esse talvez seja o principal motivo de eu escrever esse texto. O projeto do mestrado materializou coisas que venho pensando muito esse ano como o fato de eu me descobrir um intelectual brasileiro. Conseguir transmitir um pensamento tão denso e de tanta qualidade para o papel me enche de esperanças sobre minha carreira acadêmica e me traz uma satisfação pessoal imensa.

Obviamente o movimento não foi todo ruim, pelo contrário. Minha formação política é excelente para um jovem da minha idade e me acostumei desde cedo a me posicionar diante dos textos. Porém o afastamento foi necessário (e também compulsório) para conhecer meu ritmo e meu processo de escrita.

Além do fato de descobrir essa característica marcante do meu pensamento, a densidade.

Tenho certeza que essas reflexões são o pavimento inicial da carreira brilhante que eu quero ter.